O crepúsculo da política: quando o poder se torna autônomo

A frase “O poder está cada vez mais separado da política, e a política está cada vez mais impotente diante do poder” é o diagnóstico lúcido de uma era marcada pelo divórcio entre as instituições políticas tradicionais e os verdadeiros centros de comando que moldam o destino das sociedades. A política, entendida como a arena pública onde se debatem e decidem os rumos coletivos, perde protagonismo para formas de poder cada vez mais difusas, invisíveis e tecnocráticas, que operam à margem do escrutínio democrático. Historicamente, o poder sempre buscou vestir a roupagem da política para se legitimar. De Alexandre, o Grande a Luís XIV, passando por Napoleão Bonaparte, o exercício do poder requeria um teatro político: conselhos, parlamentos, assembleias ou plebiscitos que, mesmo manipulados, serviam para emprestar legitimidade às decisões. O poder, portanto, era inseparável da política como forma de mediação entre governantes e governados. Entretanto, o desenvolvimento das corporações multi...