
Era uma vez um país chamado Brasil, que carregava consigo um tesouro escondido. Esse tesouro não era composto de ouro ou joias reluzentes, mas sim de oportunidades e desenvolvimento. Esse tesouro era o ensino técnico, uma vertente do conhecimento capaz de multiplicar vagas em escolas profissionalizantes e elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do país.
A busca por esse tesouro começou quando o instituto Itaú Educação e Trabalho realizou um estudo minucioso. Eles queriam entender o impacto de um investimento público maior e mais consistente no ensino médio técnico. E o que descobriram foi surpreendente.
Ao dobrar o número de vagas nas escolas profissionalizantes, que atualmente era de 800 mil, o PIB brasileiro poderia aumentar em 1,34%. Mas se o número de vagas fosse triplicado, o ganho seria ainda maior, de 2,32%. Esses cálculos revelaram a extraordinária oportunidade que o Brasil vinha perdendo ao longo dos anos. Era como se o tesouro estivesse ali, ao alcance das mãos, mas ninguém ousasse buscá-lo.
O estudo intitulado "Potenciais Efeitos Macroeconômicos com Expansão da Oferta Pública de Ensino Médio Técnico no Brasil" deixou claro o quão vantajoso seria inserir a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) na estratégia de desenvolvimento do país. Era hora de tratar o ensino médio técnico como uma política pública de Estado, uma busca constante pela qualidade e pela atualização dos recursos necessários.
Infelizmente, o Brasil fechava os olhos para a expansão dessa vertente do ensino médio, impondo fardos à sua população ativa. Aqueles que não tinham acesso ao ensino técnico enfrentavam menor empregabilidade e salários mais baixos. O estudo revelou que um diploma técnico conferia ao trabalhador uma vantagem de 5,5 pontos percentuais na disputa por empregos em comparação com aqueles que cursaram o ensino médio convencional. A diferença salarial chegava a 12% e poderia aumentar para 50% se houvesse uma correlação entre o trabalho pretendido e a formação escolar.
Os dados também mostraram que o ensino técnico fornecia algum grau de proteção contra o desemprego. A taxa de desocupação era três pontos percentuais menor para os formados em escolas técnicas, tanto entre os jovens trabalhadores de 15 a 17 anos quanto entre os adultos de 24 a 65 anos. Essa proteção era explicada pela renda do trabalho por hora, que era maior entre esses profissionais.
As simulações realizadas pelo estudo apontavam para outros benefícios além do aumento da atividade econômica. A ampliação do ensino médio técnico também resultaria na redução da desigualdade social e no aumento do consumo no país. A oferta dobrada de vagas nas escolas técnicas impulsionaria o consumo em 0,22%, e se triplicada, o impacto seria de 0,38%. Isso traria bem-estar para uma parcela significativa da sociedade e, principalmente, abriria portas para oportunidades futuras dos jovens trabalhadores.
No entanto, esses benefícios contrastavam com a triste realidade do ensino médio técnico no Brasil. Apenas 7% dos estudantes do ensino médio brasileiro tinham formação técnica profissionalizante, enquanto na Europa essa proporção alcançava 44% e no México, 34%. Era uma vergonha constatar que o país não estava aproveitando o seu potencial e as oportunidades que o ensino técnico poderia proporcionar.
Claro, havia um custo adicional para dobrar ou triplicar as vagas do ensino técnico, estimado em 0,09% a 0,17% do PIB. Mas esse era um investimento que valia a pena pagar para ver o Brasil florescer, com uma economia mais forte e um povo mais capacitado.
E assim, essa história de conquista do ensino técnico continuava. O país ainda tinha tempo para despertar, para reconhecer o tesouro que estava diante de seus olhos. Os governos federal e estaduais poderiam agir a tempo, investindo de forma consistente na expansão do ensino médio técnico e colhendo os frutos desse investimento. O Brasil poderia se transformar em um lugar onde as oportunidades não seriam mais perdidas, mas sim aproveitadas ao máximo. E essa seria a verdadeira conquista.
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