A arte de ocultar correntes: como a política aperfeiçoou o disfarce da opressão

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Desde os tempos mais remotos, a política tem se erguido como o campo privilegiado da disputa pelo comando das consciências, mais do que pela mera condução dos corpos. O enunciado — "A política se tornou a arte de impedir que as massas se apercebam da opressão que sofrem" — sintetiza com precisão a mutação sofisticada do poder: de brutal e ostensivo, como nas tiranias clássicas, para dissimulado e consensual, como nas democracias de fachada e nos regimes tecnocráticos contemporâneos. O poder, que outrora se exercia com a espada e o açoite, hoje se perpetua através da manipulação simbólica, da produção de narrativas e do controle sutil dos desejos e percepções. O século XX foi o grande laboratório dessa transformação. A escola de Frankfurt, sobretudo com Herbert Marcuse e a sua "sociedade unidimensional", já denunciava o surgimento de uma ordem política onde a opressão não mais se sustentava na coerção explícita, mas na fabricação de uma cultura que anestesia e neutra...

O Supremo em Xeque: A Busca pela Imparcialidade em Tempos de Polarização



Era uma vez, em um país chamado Brasil, um juiz estaria prestes a se tornar presidente da Corte Suprema. Este juiz, em um evento dos vencedores de um campeonato de futebol, pegou o microfone e se gabou de ter ajudado a derrotar o principal adversário. O adversário em questão? O bolsonarismo.

O juiz, que também havia sido presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proclamou com orgulho: "Nós derrotamos o bolsonarismo". A multidão aplaudiu, mas uma pergunta pairava no ar: "Nós quem?".

A declaração do juiz foi feita em um recinto dos vencedores, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que comanda a União Nacional dos Estudantes (UNE), parte da coligação vitoriosa. A manifestação de juízo, no entanto, levantou dúvidas sobre sua imparcialidade em futuros julgamentos envolvendo bolsonaristas.

Em meio à polêmica, o juiz emitiu uma nota, esclarecendo que se referia "ao extremismo golpista e violento". Mas as palavras, uma vez proferidas, não podem ser desfeitas, assim como uma flecha lançada por um arco.

Enquanto isso, o Judiciário vivia tempos estranhos. Juízes do Supremo davam entrevistas, emitiam opiniões, debatiam. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, bateu boca nas redes com o ex-deputado Deltan Dallagnol. Para muitos, era um cenário estranho e inédito.

A atual presidente do STF, a ministra Rosa Weber, era conhecida por sua discrição. No entanto, ela quebrou o silêncio e comparou o 8 de janeiro de 2023 ao 7 de dezembro de 1941, quando os japoneses atacaram Pearl Harbor. Como ela poderia presidir o julgamento dos réus de 8 de janeiro, uma vez que já havia pré-julgado o caso?

E assim, o país se perguntava: quem poderia julgar com impessoalidade? E agora, Supremo?

Artigo produzido a partir da análise abaixo:





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