A arte de ocultar correntes: como a política aperfeiçoou o disfarce da opressão

Era uma vez, em um país chamado Brasil, um juiz estaria prestes a se tornar presidente da Corte Suprema. Este juiz, em um evento dos vencedores de um campeonato de futebol, pegou o microfone e se gabou de ter ajudado a derrotar o principal adversário. O adversário em questão? O bolsonarismo.
O juiz, que também havia sido presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proclamou com orgulho: "Nós derrotamos o bolsonarismo". A multidão aplaudiu, mas uma pergunta pairava no ar: "Nós quem?".
A declaração do juiz foi feita em um recinto dos vencedores, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que comanda a União Nacional dos Estudantes (UNE), parte da coligação vitoriosa. A manifestação de juízo, no entanto, levantou dúvidas sobre sua imparcialidade em futuros julgamentos envolvendo bolsonaristas.
Em meio à polêmica, o juiz emitiu uma nota, esclarecendo que se referia "ao extremismo golpista e violento". Mas as palavras, uma vez proferidas, não podem ser desfeitas, assim como uma flecha lançada por um arco.
Enquanto isso, o Judiciário vivia tempos estranhos. Juízes do Supremo davam entrevistas, emitiam opiniões, debatiam. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, bateu boca nas redes com o ex-deputado Deltan Dallagnol. Para muitos, era um cenário estranho e inédito.
A atual presidente do STF, a ministra Rosa Weber, era conhecida por sua discrição. No entanto, ela quebrou o silêncio e comparou o 8 de janeiro de 2023 ao 7 de dezembro de 1941, quando os japoneses atacaram Pearl Harbor. Como ela poderia presidir o julgamento dos réus de 8 de janeiro, uma vez que já havia pré-julgado o caso?
E assim, o país se perguntava: quem poderia julgar com impessoalidade? E agora, Supremo?
Artigo produzido a partir da análise abaixo:
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