A arte de ocultar correntes: como a política aperfeiçoou o disfarce da opressão

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Desde os tempos mais remotos, a política tem se erguido como o campo privilegiado da disputa pelo comando das consciências, mais do que pela mera condução dos corpos. O enunciado — "A política se tornou a arte de impedir que as massas se apercebam da opressão que sofrem" — sintetiza com precisão a mutação sofisticada do poder: de brutal e ostensivo, como nas tiranias clássicas, para dissimulado e consensual, como nas democracias de fachada e nos regimes tecnocráticos contemporâneos. O poder, que outrora se exercia com a espada e o açoite, hoje se perpetua através da manipulação simbólica, da produção de narrativas e do controle sutil dos desejos e percepções. O século XX foi o grande laboratório dessa transformação. A escola de Frankfurt, sobretudo com Herbert Marcuse e a sua "sociedade unidimensional", já denunciava o surgimento de uma ordem política onde a opressão não mais se sustentava na coerção explícita, mas na fabricação de uma cultura que anestesia e neutra...

História de pressão: MST retorna à Embrapa e desafia o Planalto


Era uma vez uma terra árida e promissora, localizada em Petrolina, Pernambuco, onde uma unidade de pesquisa da Embrapa se estabeleceu. Neste cenário, o Movimento dos Sem Terra (MST) estava em busca de esperança e cumprimento das promessas feitas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Havia três meses desde a última ocupação, quando o MST decidiu desocupar a área da Embrapa Semiárido sob a crença de que novos assentamentos seriam criados. Porém, as promessas não se materializaram, e o sentimento de frustração cresceu dentro do movimento.

"Se o governo não cumprir seus acordos, retomaremos nossa luta", disseram os sem-terra durante o temido "Abril Vermelho". Eles intensificaram suas ações em todo o país, ocupando não só a Embrapa, mas também terras produtivas, tornando-se uma verdadeira dor de cabeça para a gestão petista.

Em um domingo, cerca de 1,5 mil integrantes do MST voltaram a ocupar a Embrapa Semiárido. Desta vez, a invasão atingiu um centro de experimentos, onde a produção em ambientes com escassez de água e o desenvolvimento de sementes e mudas estavam em foco. O motivo: o governo Lula não havia cumprido suas promessas, e os acordos permaneceram no papel, sem avanços concretos desde abril.

A reocupação da Embrapa aconteceu justamente às vésperas do aguardado Semiárido Show, um evento crucial para os pequenos agricultores da região. O plano era pressionar o governo e reacender o fogo da esperança entre os sem-terra.

Embora a Embrapa tenha reagido e rapidamente adotado medidas para desocupar a área, o estrago já estava feito. A CPI do MST ganhou força no Congresso, e a bancada ruralista não perdeu tempo em afirmar que a gestão de Lula dava "segurança a criminosos".

A situação tornou-se cada vez mais tensa, com acusações e cobranças de ambos os lados. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pediu ações contundentes e políticas públicas de qualidade para resolver a questão, enquanto o MST exigia o cumprimento das promessas e a destinação de áreas para assentar famílias.

O presidente Lula, por sua vez, tentou acalmar os ânimos, afirmando que "não precisa mais invadir terra" no Brasil. Mas as palavras não foram suficientes para apaziguar a situação.

Em meio a tudo isso, os pequenos agricultores aguardavam ansiosamente o início da feira, na esperança de encontrar soluções para os desafios que enfrentavam.

Assim, o destino desses personagens estava entrelaçado em um turbulento jogo político e social, onde as promessas não cumpridas acendiam a chama da revolta e da incerteza.

E assim continua a história, com o futuro do centro de pesquisa da Embrapa e das famílias sem-terra em Pernambuco pendendo no fio da navalha, enquanto o Planalto enfrenta uma pressão cada vez maior para cumprir suas promessas e buscar uma solução para a crise que se instaurou.

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