A arte de ocultar correntes: como a política aperfeiçoou o disfarce da opressão

Na política, essa ideia se aplica quando práticas como a corrupção, a manipulação da verdade e o abuso de poder se tornam corriqueiras para alguns grupos ou indivíduos. O poder pode criar uma zona de conforto onde ações, antes vistas como eticamente questionáveis, passam a ser justificadas ou racionalizadas pela força do hábito e pelo contexto ao qual o agente está inserido. Assim, políticos, líderes e agentes do Estado podem desenvolver uma certa "cegueira ética" — um tipo de complacência que impede o questionamento interno de suas próprias ações.
Essa análise também lembra as observações de filósofos como Michel Foucault, que estudou como as estruturas de poder moldam as normas sociais e influenciam o comportamento dos indivíduos, levando-os a internalizar práticas e ideias que servem ao status quo. Segundo Foucault, o poder disciplinar transforma o comportamento ao ponto de tornar certas ações automáticas e não questionadas.
Portanto, a frase destaca um ponto importante sobre como a repetição e o hábito têm o poder de diluir o senso de responsabilidade moral. Em contextos de poder, isso pode levar a uma falta de remorso em ações que, para um observador externo, seriam claramente condenáveis, mas que, para o agente habituado, parecem apenas parte da rotina.
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