A arte de ocultar correntes: como a política aperfeiçoou o disfarce da opressão

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Desde os tempos mais remotos, a política tem se erguido como o campo privilegiado da disputa pelo comando das consciências, mais do que pela mera condução dos corpos. O enunciado — "A política se tornou a arte de impedir que as massas se apercebam da opressão que sofrem" — sintetiza com precisão a mutação sofisticada do poder: de brutal e ostensivo, como nas tiranias clássicas, para dissimulado e consensual, como nas democracias de fachada e nos regimes tecnocráticos contemporâneos. O poder, que outrora se exercia com a espada e o açoite, hoje se perpetua através da manipulação simbólica, da produção de narrativas e do controle sutil dos desejos e percepções. O século XX foi o grande laboratório dessa transformação. A escola de Frankfurt, sobretudo com Herbert Marcuse e a sua "sociedade unidimensional", já denunciava o surgimento de uma ordem política onde a opressão não mais se sustentava na coerção explícita, mas na fabricação de uma cultura que anestesia e neutra...

O Perigo do poder sem ética: quando a política se transforma em selvageria


A frase "Um homem sem ética é uma fera solta neste mundo", atribuída ao filósofo Albert Camus, sintetiza uma reflexão profunda sobre a importância da ética como um princípio organizador da vida em sociedade. A ideia central é que, sem um código moral que limite suas ações, o ser humano pode agir de maneira impulsiva, predatória e destrutiva, sem consideração pelo bem-estar coletivo.

Ao longo da história, filósofos e pensadores debateram a relação entre ética e poder. Maquiavel, por exemplo, em O Príncipe, argumentou que um governante deve priorizar a eficácia e a manutenção do poder, ainda que, para isso, precise recorrer a atos que poderiam ser considerados imorais. Para ele, a política tem sua própria lógica e nem sempre pode se submeter a princípios éticos rígidos. Já Kant, em contraposição, via a ética como um imperativo categórico, algo inegociável e essencial para a dignidade humana.

Na política, a ausência de ética pode transformar líderes e governantes em "feras soltas", desprovidos de limites morais. Ditadores como Hitler, Stalin e Pol Pot ilustram esse perigo: movidos por ideologias extremas e pela sede de poder, eles cometeram atrocidades em nome de seus objetivos. A falta de escrúpulos na busca pelo domínio pode levar à degradação das instituições e à opressão de populações inteiras.

Por outro lado, a política baseada na ética, embora mais difícil de ser praticada, é essencial para garantir justiça e estabilidade social. Pensadores como John Rawls defenderam que uma sociedade justa deve ser construída sobre princípios éticos sólidos, como a equidade e o respeito aos direitos individuais. Sem isso, corre-se o risco de cair em um estado de anarquia e selvageria, onde a lei do mais forte impera.

A frase de Camus, portanto, continua atual. No mundo moderno, onde a corrupção e o uso abusivo do poder são desafios constantes, a ética permanece como um escudo contra a barbárie. Afinal, um homem sem ética não é apenas uma fera solta, mas também uma ameaça ao próprio tecido da civilização.

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