A arte de ocultar correntes: como a política aperfeiçoou o disfarce da opressão

Desde os tempos antigos, líderes carismáticos usaram discursos inflamados para conquistar as massas. Na Roma Antiga, por exemplo, a política do panem et circenses (pão e circo) foi utilizada para acalmar a população, fornecendo comida e entretenimento enquanto o império enfrentava crises internas. No século XX, figuras como Juan Domingo Perón, na Argentina, e Hugo Chávez, na Venezuela, construíram seus governos com base na ideia de que o Estado deveria garantir o bem-estar imediato da população, sem considerar as implicações futuras. No curto prazo, essas políticas trouxeram popularidade e crescimento, mas, com o tempo, a falta de planejamento levou a déficits públicos, inflação descontrolada e instabilidade econômica.
A questão central do populismo é que ele se baseia na emoção, e não na razão. Como alertou Max Weber, a política pode ser conduzida pela ética da convicção ou pela ética da responsabilidade. O populista frequentemente escolhe a primeira, agindo de acordo com o que agrada ao público no momento, sem calcular as consequências futuras. O resultado pode ser desastroso: promessas exageradas e benefícios imediatos podem gerar déficits fiscais, colapso econômico e dependência do Estado. Friedrich Hayek, crítico ferrenho do intervencionismo estatal, argumentava que políticas econômicas populistas frequentemente levam à perda de liberdades individuais, pois, quando a conta chega, governos recorrem a medidas autoritárias para manter o controle.
Isso não significa que todo discurso voltado ao povo seja necessariamente prejudicial. Líderes como Franklin D. Roosevelt, com o New Deal, implementaram políticas sociais sem romper com as bases econômicas que garantiam o crescimento sustentável. A diferença entre o populismo destrutivo e uma política popular bem-sucedida está na capacidade de equilibrar o imediatismo das demandas populares com uma visão estratégica de longo prazo.
No fim das contas, o populismo pode até parecer um banquete farto no presente, mas, quando os recursos se esgotam e os problemas estruturais não são resolvidos, a fome do futuro cobra seu preço. A história mostra que as nações que escolhem atalhos políticos acabam pagando um custo alto. Assim, cabe aos cidadãos questionar se estão recebendo soluções reais ou apenas migalhas que, amanhã, podem se transformar em escassez.
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