A ascensão da queda: a tragédia silenciosa de um povo iludido

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Durante quarenta anos, uma nação foi convencida de que marchava rumo à justiça, quando na verdade se arrastava rumo à decadência. A frase que expõe a queda do Brasil do 40º para o 81º lugar no ranking global de renda não é apenas um dado econômico — é o epitáfio de uma ilusão coletiva. Uma farsa histórica encenada por elites culturais que confundiram piedade com política, equidade com estatismo, e justiça com nivelamento por baixo. Essa é a anatomia de uma regressão orquestrada, em nome de ideais que se proclamam nobres, mas produzem apenas estagnação. Desde o final da ditadura militar, o Brasil viveu um processo profundo de reengenharia ideológica. Em nome da “democratização do saber”, intelectuais militantes ocuparam universidades, redações e escolas com a missão de substituir o mérito pelo ressentimento, e a liberdade pela tutela do Estado. Inspirados por um marxismo tropical, reinventaram o conceito de opressão: toda hierarquia virou injustiça, toda riqueza virou suspeita, e todo s...

O tesouro nacional e os nobres ministros


Era uma vez, no topo de uma colina de mármore e vidro, um grandioso palácio onde residiam os Sábios da Suprema Cúpula, conhecidos pelo povo como "os Iluminados". Sua missão era nobre: zelar pela democracia e, claro, pelo próprio conforto.

Certo dia, em uma de suas augustas assembleias, um dos ministros, recostado em sua poltrona de couro legítimo, soltou um longo suspiro filosófico:

— Irmãos, que tempos difíceis! Os almoços oficiais já não são os mesmos, a gasolina do carro oficial subiu e, francamente, um salário de seis dígitos já não estica como antes.

Os outros assentiram gravemente, balançando suas cabeças cobertas por perucas imaginárias da nobreza moderna. Foi quando o mais velho entre eles, o Decano, ergueu a mão com a solenidade de quem vai invocar uma verdade absoluta:

— Então que se faça justiça... Aumentemos nossos vencimentos em 16%!

Um leve murmúrio de preocupação percorreu a sala. O Ministro do Equilíbrio Fiscal, conhecido por sua habilidade de transformar gastos em "necessidades da República", coçou o queixo e perguntou:

— Mas, Excelências, de onde virá esse valor?

— Ora! — exclamou o Presidente da Cúpula, apontando para uma pilha de documentos — Do Tesouro, claro!

O silêncio tomou conta do plenário. Alguns ministros entreolharam-se, até que um deles, sempre meticuloso, perguntou:

— E... quem exatamente é o Tesouro?

O Presidente da Cúpula sorriu, com a paciência de um professor explicando a tabuada do dois:

— O Tesouro, caros amigos, é uma entidade benevolente e inesgotável. Ele sempre nos atende.

Ainda assim, um jovem ministro, recém-chegado à casa, ousou insistir:

— Mas, de onde o Tesouro tira esse dinheiro?

O Decano, já cansado das indagações, fez um gesto largo e respondeu com voz triunfante:

— Do povo, é claro! Mas veja bem, chamamos o povo de "Tesouro", pois é mais elegante, e eles se sentem prestigiados.

Os ministros se entreolharam, piscando lentamente. Era verdade! Que outro governo chamava seu povo de "Tesouro" com tanta ternura?

E assim, o aumento foi decretado. Enquanto isso, do lado de fora do palácio, o verdadeiro Tesouro — um padeiro, uma professora, um motoboy e uma senhora aposentada — olhavam seus boletos e pensavam:

— Que bonito... finalmente nos deram um nome à altura.

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