A arte de ocultar correntes: como a política aperfeiçoou o disfarce da opressão

Maquiavel já alertava que a política não se move apenas por princípios morais, mas por interesses e estratégias. Segundo ele, um governante deve parecer virtuoso, ainda que sua verdadeira intenção seja a manutenção do poder. Isso se aplica não apenas a governantes, mas a movimentos políticos inteiros que, sob o pretexto de lutar por um bem maior, na realidade, buscam apenas ocupar espaços de influência.
Karl Marx via o idealismo como uma forma de ideologia, um conjunto de crenças que mascara os interesses reais de determinada classe. Líderes revolucionários, por exemplo, frequentemente justificam sua ascensão como um passo necessário para alcançar uma sociedade mais justa, mas, na prática, tornam-se tão autoritários quanto aqueles que substituíram. A Revolução Russa de 1917 começou com promessas de igualdade, mas rapidamente levou à consolidação do poder na figura de Stálin. O ideal de libertação deu lugar ao culto à personalidade e ao controle estatal absoluto.
Mesmo na democracia, esse fenômeno é evidente. Políticos eleitos com discursos de renovação frequentemente usam a bandeira do idealismo para justificar práticas que servem mais à sua manutenção no cargo do que ao interesse público. O messianismo político, onde um líder se coloca como o único capaz de guiar a nação, é um exemplo claro dessa manipulação. O carisma e os princípios são utilizados para mobilizar massas, mas, no fundo, a lógica do poder permanece a mesma.
O idealismo, portanto, não deve ser aceito sem questionamento. Ele pode ser sincero em alguns casos, mas a história mostra que, muitas vezes, é apenas uma ferramenta para conquistar e perpetuar o poder. O verdadeiro desafio não é acreditar cegamente nos discursos, mas identificar até que ponto eles servem ao bem comum ou apenas a quem os profere.
Muito bom. A própria democracia tem o recuso do uso indevido da liberdade de opinião para possibilitar este tipo de idealismo.
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