A arte de ocultar correntes: como a política aperfeiçoou o disfarce da opressão

Thomas Paine nasceu em 1737, na Inglaterra, mas foi nos Estados Unidos e na França que suas ideias floresceram e influenciaram revoluções. Seu panfleto Common Sense (1776) foi um dos textos mais impactantes na luta pela independência americana, desafiando a monarquia britânica e defendendo um governo baseado na soberania popular. Posteriormente, com Direitos do Homem (1791), atacou a aristocracia europeia e defendeu a Revolução Francesa, o que lhe rendeu perseguições e o exílio.
A frase destacada reflete a coragem intelectual de Paine, alguém que não se curvou às pressões do Estado ou da opinião pública. O “rebelde” que ele aceita ser chamado é aquele que não teme a dissidência, que prefere a integridade ao conformismo. O preço da traição à própria consciência, na visão de Paine, é alto: a “miséria dos demônios” é uma metáfora para a condenação moral que recai sobre aqueles que vendem seus princípios em troca de favores ou segurança.
Seu pensamento dialoga diretamente com teóricos como Jean-Jacques Rousseau, para quem a liberdade era um valor inegociável, e John Locke, defensor da resistência contra governos opressores. Mais tarde, figuras como Hannah Arendt ecoariam essa postura, argumentando que a banalização do mal ocorre quando indivíduos abdicam de sua responsabilidade moral diante da autoridade.
O dilema que Paine aponta continua atual. Em tempos de populismo, autoritarismo e crises institucionais, muitos preferem a acomodação ao embate. O medo do ostracismo político ou das represálias faz com que indivíduos e até nações “prostituam suas almas”, abandonando princípios em troca de poder ou estabilidade. Paine nos lembra que, embora a rebeldia tenha seu preço, a submissão também tem – e pode ser ainda mais cruel para aqueles que se preocupam com a justiça e a verdade.
Se hoje sua obra segue inspirando movimentos democráticos e libertários, é porque a essência de sua mensagem permanece relevante: a liberdade exige coragem, e a consciência não deve estar à venda. Como Paine demonstrou, é melhor ser um rebelde honrado do que um conformista atormentado.
Muito bom! Átila
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